Abecedário de memórias é uma coleção poética, de frases e ideias, folhas e flores. Coleção de pensamentos e brincadeiras que surgiram durante conversas e passeios de Kamila Matsumato com seus filhos. Livro que é também escuta atenta, inaugurando novas formas de ver o mundo, que se reapresenta a cada encontro. É como se – neste que é seu primeiro livro – Kamila coletasse a simplicidade daquele primeiro olhar, o pensamento que surge puro, só essência, e nomeasse novamente coisas que a gente conhece.

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Homenagem ao olhar pueril, é um convite para que não o percamos de vista, porque tantas coisas acontecem nesse primeiro encontro. E afirmando que “magia é conseguir ver”, ela nos conta que um abraço é muito mais do que o entrelaçar dos corpos e pede que tenhamos “olhos para os detalhes”. Esse estado de atenção ao simples, ao pequeno, à forma como falamos das coisas desvela a poesia do que parece comum.

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Cada letra puxa uma palavra, que acompanha a imagem feita com as flores e folhas secas que dispararam o pensamento, concretizado em um aforismo. Foi a própria Kamila que secou cada uma das folhas, usando uma prensa que seu marido construiu a seu pedido. Guardou as frases das conversas junto às plantas e foi, pouco a pouco, construindo seu alfabeto particular.

No final do livro há ainda um glossário, feito em parceria com o biólogo e botânico Marcelo Kubo, que apresenta as plantas coletadas, com seu nome científico, nome popular, origem e uma curiosidade.

Kamila Matsumato nasceu em 1982, em São Paulo, onde mora. Fez curso de Gestão Ambiental na PUC-SP e trabalhou nas coisas mais diversas, de recepcionista a instrumentadora cirúrgica, mas foi só depois de se casar e ter filhos que começou a se dedicar à literatura. Kamila criou, com outros dois sócios, o Sambalelê e fez a Pós Literatura para Crianças e jovens no Vera Cruz.

Conta que se lembra do dia em que tudo mudou: estava numa livraria e o livro A onda, de Suzy Lee, a puxou para a estante. Depois disso, começou a ler e estudar livros-álbum e Onde vivem os monstros, de Maurice Sendak, a levou para o Lugar de Ler. Ela diz que ali encontrou a coragem para escrever suas próprias histórias e fazer seus livros e descobriu que isso é o que quer fazer para sempre.